FERNANDA LIBERATO
( Brasil – MINAS GERAIS )

Foi aluna de Filosofia (PUC Minas), História da Arte (UNESP), Pintura da Figura Humana (SESC), Workshop Cirque Du Soleil e muitos outros. Entre experiências e estudos ao redor do mundo, destaque para o mundo das letras: Seu livro “SULCO” (Selo Editorial Starlinga, 2013) foi lançado no 15º. Encontro de Escritores da América Latina; 28º  Salão do Livro de Genebra; XXVII Salão do Livro de Turin.  Colaborou com a Revista “Ragga” com texto e ensaio fotográfico. Integrou projeto sobre vida e obra de Hilda Hilst. Escreveu e narrou o conto erótico Stephany” em uma revista masculina.  

CEM POEMAS  CEM MIL SONHOS; homenagem aos 50 anos da Passeata dos Cem Mil: maior manifestação popular contra a Ditadura Militar no país.           Organização: por Rodrigo Starling. Entrevista com Vladimir Palmeira.  Belo          Horizonte: Starling, 2018.   176 p.     14 x 20 cm. Capa: Jackson Abacatu.  N. 09 814
Exemplar da biblioteca de ANTONIO MIRANDA

  QUEM EU SOU?

Quando me adentro nesse profundo de mim
Não encontro nada
Só o vazio...
O vazio sobre essa coisa de vagar
Esse corpo que age ao seu comando
Voz alta
Direita, esquerda — volver ...

Bomba — violência!
Não tenho ar
Onde foram os meus irmãos?
Onde é o meu lugar?

O meu vazio grita!
Gira forte em disperso som
Não consigo captar, não distingo
Avesso sem compreensão

Pernas cansadas
Ouvidos anestesiados
Não as sinto...
As pernas!

A única coisa real
Cacofonia, ruídos
Minha alma que não cabe em mim
Silêncio

A sua santidade me envergonha
Me sinto pequena
Fora do vácuo
Quem meu sou?
Eu eco
Liberte-me das grades que me retêm
Eu não sou refém
Nem de ti.


MEMÓRIAS A MEU GRANDE AMIGO

Esse meu amigo tem um sonho...
Escreve um livro
Ele nunca escreve poemas
Mas sempre os declama
Seu linguajar é rebuscado
Um luxuoso Português, claro!
Tão bonito como as flores do campo
Mesmo quando suas notas trazem o pranto
Esse meu grande amigo é muito curioso
Prefere falar com cachorro!
De vez em quando ele brinca: au, au, au!
Esbanja sorriso, homem contente
Em mil adjetivos ele não cabe
Aprecia ser justo... é cheio de luz
Mas com ele mesmo
Não tem balança!
Brinca com extremos de ser tão bonzinho
Que às vezes se torna bobo!
Não sei, talvez ele só esteja ensinando o povo...
Eu sou jovem
Não sei nada de nada
Ele quem sabe um monte de coisas...
Esteve na boemia e na madrugada
Longo tempo na estrada
Toda vez que eu pergunto:
O que você vai fazer hoje?
Ele diz: Estudar um pouquinho...
Eita, salve o chocolate e o sorvetinho!
Com ele às vezes minha cabeça dá um nó!
Mas ele logo conta uma historinha e eu me sinto melhor...
Não sei se algum dia ele vai escrever um livro ou poemas,
Quem sabe esses versos inspirem...
Ele... e você!
Você tem um grande amigo?


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Página publicada em maio de 2025.